terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A ORIGEM DA SANTA CEIA - 10º CAPÍTULO - "Nos Passos de Jesus"



"No primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, vieram os discípulos a Jesus e lhe perguntaram: Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a Páscoa? E ele lhes respondeu: Ide à cidade ter com certo homem, e dize-lhe: O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos. E eles fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa." Mateus 26.17-19
Essa narrativa mostra claramente que os discípulos do Senhor não tinham idéia da Santa Ceia e esperavam apenas participar da Páscoa, porque aquele dia fora separado no calendário judeu para a comemoração da festa dos pães asmos, ou Páscoa. Ora, Páscoa para os judeus significa "festa". É o dia no qual se comemora a libertação de Israel do jugo egípcio. Foi instituída antes de acontecer a décima e última praga imposta por Deus à terra do Egito. Naquela oportunidade, o Senhor ordenou que cada família tomasse um cordeiro sem defeito, ou um cabrito, e o sacrificasse. Seu sangue deveria ser posto em ambas as ombreiras e na vaga da porta, nas casas em que deveriam comê-la assado; por acompanhamento, pães asmos (sem fermento) e ervas amargas. Cada participante daquela páscoa deveria ter suas costas cingidas, sandálias no pés e cajado na mão (ver Êxodo 12).



Todo o ritual da Páscoa aponta o Salvador Jesus Cristo. Após Sua participação juntamente com Seus discípulo, Jesus tomou um pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo:
"Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados." Mateus 26.26-28
Muito embora o Senhor jesus não tenha feito nenhum paralelo da Páscoa com a Santa Ceia, até porque Ele participou primeiramente da páscoa e depois da Ceia, podemos compreender perfeitamente da páscoa e depois da Ceia, podemos compreender perfeitamente que Ele quis instituir, à sombra da páscoa, uma nova liturgia que tivesse o mesmo calor espiritual da Páscoa, para todos os que O aceitam como Salvador.


Para exemplificar, tomemos o povo judeu, que teve na Páscoa a marca de sua libertação. Para os povos não-judeus, os quais viriam a aceitar o Senhor Jesus como Salvador, qual seria a marca ou a festa litúrgica para expressar a sua libertação do pecado e do inferno? Com esse propósito, o Senhor Jesus instituiu a Santa Ceia.


A SANTA CEIA NA IGREJA PRIMITIVA

A Santa Ceia em si significa a comunhão com o próprio Senhor Jesus, porquanto está escrito:
"Porventura, o cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?" 1 Coríntios 10.16
Isso explica a necessidade de união da Igreja inteira, porque todos nós participamos do mesmo pão e nós mesmos somos "um único pão", uma única natureza, participando da própria natureza do Senhor Jesus Cristo, conforme 1 Coríntios 10.17:
"Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão."
Nessas palavras do apóstolo Paulo, podemos sentir o espírito que reinava em cada oração ao participar da comunhão.


Tendo em visa que os primeiros cristãos eram judeus, estes inseriram no cerimonial da Santa Ceia a festividade da Páscoa, ou seja, era comum que antes de participarem da Santa Ceia, conforme o próprio Senhor fez, participassem de um grande festa, a qual outrora era chamada de Páscoa. Nessa festa, comiam e bebiam regaladamente, ao ponto de até se embriagarem, como foi o caso da igreja em Corinto, para depois participarem da mesa do Senhor. Essa foi a principal razão do apóstolo Paulo fazer sérias advertências àquela igreja, conforme vemos em 1 Coríntios 11.17-22:
"Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunir na igreja; e eu, em parte, o creio. Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm?" 
A Santa Ceia na igreja de Corinto recebeu severas críticas por parte de Paulo, uma vez que esta não era comemorada no espírito de Cristo, mas totalmente na carne. A partir desse episódio, o apóstolo Paulo deu um fim à festa que antecedia à Santa Ceia. 


A mesa do Senhor é um verdadeiro banquete para o corpo físico e espiritual, conforme verificaremos mais adiante.


O SIGNIFICADO DA SANTA CEIA

Quando o Senhor Jesus determinou que o pão abençoado e partido para os Seus discípulos era o Seu corpo, estava mostrando o real sentido da Sua vida física, isto é, Seu vigor e Sua saúde, partidos em favor de todos que O aceitam tal qual Salvador, a fim de que venham a ser participantes da Sua própria natureza, gozando de Sua saúde física. Aliás, é exatamente por isso que o profeta Isaías afirma:
"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si..." Isaías 53.4
A Sua carne atraiu todas as nossas doenças e enfermidades. Consequentemente, nós não mais precisamos ficar doentes. Satanás não tem mais direito de exercer domínio sobre nosso corpo físico, porque este tem a natureza do Senhor Jesus, pela fé, na participação do pão da Santa Ceia, o qual conforme disse Jesus, "... é o meu corpo" (Marcos 14.22).


Da mesma forma o vinho, depois de abençoado, foi dado por Jesus aos discípulos, dizendo:
"Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados." Mateus 26.28
Veja, amigo leitor, que não poderia haver sangue sem a carne; por isso mesmo o consideramos tão importante quanto o pão e, igualmente, lembra o direito à vida eterna adquirido por todos os que crêem no Senhor Jesus.


Essa nova e última aliança coloca definitivamente o cristão diante de Deus-Pai, na posição de um real e verdadeiro filho, com obrigações mas com todas as regalias e privilégios, inclusive poder se dirigir a deus tal qual o Senhor Jesus fez e, ainda por cima, o direito de receber a infusão do próprio Espírito de Deus.


Podemos comparar essa aliança, da qual fala o Senhor jesus, à dos noivos no dia do casamento. Nesse dia, o rapaz deixa de ser dono de seu próprio nariz, e também a noiva. O rapaz, ao fazer aliança (casamento) com sua noiva, está lhe dizendo que, a partir daquele momento, sua vida girará em torno dela; que a vontade será a dela; que será fiel para com ela até a morte, etc. A moça por sua vez, deixará a casa de seus pais e se unirá ao marido; submeter-se-á apenas a ele; cuidará dele mais do que de si mesma, etc. Isso pelo menos, é o que deve acontecer, de acordo com as normas cristãs.


A aliança que o Senhor Jesus fez através do Seu sangue implica nas mesmas e ainda maiores responsabilidades por ambas as partes, tanto do Senhor quanto nossa.


Tendo em vista esses conhecimentos preliminares a respeito da Santa Ceia, devemos preparar nossos corações para que, quando formos participar da mesma, tenhamos um sentimento completo de gozo e alegria no Espírito Santo por tudo o que ela representa e significa para cada um de nós.


A Santa Ceia anuncia todo o ministério glorioso do nosso Senhor: Sua curas; Seus milagres extraordinários; Sua compaixão e interesse pelos pobres e oprimidos, além de apontar Sua grande e magnifica vitória sobre o diabo e todos os seus demônios na Sua morte e ressurreição ao terceiro dia.


Em resumo, podemos considerar que, da mesma forma pela qual o corpo do Senhor Jesus, simbolizado pelo pão, nos dá a total saúde física, também o Seu sangue, simbolizado pelo vinho, nos dá saúde espiritual.


QUEM PODE PARTICIPAR DA SANTA CEIA?

O apóstolo Paulo, dando instruções com respeito à Santa Ceia, afirma o seguinte:
"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem." 1 Coríntios 11.27-30
O apóstolo não nos dá qualquer definição acerca do que entende aqui por "indignidade; contudo, podemos perceber que só podem participar da mesa do Senhor aqueles cujas vidas foram realmente lavadas pelo sangue do Cordeiro, isto é, aqueles que mantêm suas consciências purificadas pela paz com Deus. Aliás, o próprio Paulo, imbuído pelo Espírito Santo, escreve:
"Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração..." Colossenses 3.15
Para estes há dignidade, porque o próprio Espírito Santo confirma em seus corações um lugar à mesa do Cordeiro. Indignos, entretanto, logo revelados pelas suas consciências maculadas pelos pecados. Por isso mesmo há uma grande necessidade de, antes da Ceia, a pessoa se examinar a si mesma, procurando verificar se a sua vida está limpa diante de Deus; ver se não há nada a temer diante do Seu Espírito, que a todos perscruta e esquadrinha até mesmo os pensamentos do coração. Se nada existe que a acuse diante do Senhor, e se há certeza plena de que os seus pecados já foram lançados no mar do esquecimento de Deus, então a pessoa deve participar obrigatoriamente, porque se estiver fraca espiritualmente, será de imediato fortalecida pelo próprio Senhor Jesus.


Se, por acaso, a pessoa é de fato convertida ao Senhor Jesus, mas cometeu falhas que originaram a falta de paz, deve imediatamente se consertar com Deus, através da confissão de seus pecados, como está escrito:
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça." 1 João 1.9
Daí a importância da pessoa se examinar e, então, tomar a decisão sozinha. Ninguém pode se colocar na posição de juiz para determinar se alguém pode ou não participar da mesa do Senhor.


Se, da parte do fiel, houver alguma sombra de dúvida se deve ou não participar da Ceia, ele deve deixar os elementos passarem e esperar uma outra oportunidade, pois é melhor não participar do que fazê-lo com dúvidas, porque também está escrito:
"Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado." Romanos 14.23
Quando uma pessoa toma a Santa Ceia indignamente, deixa de ser abençoada para ser amaldiçoada, pois come e bebe juízo para si mesma, uma vez que está sendo ré do corpo e do sangue do Senhor, ou seja, tomando o lugar do próprio culpado, no julgamento feito pelo Senhor, na Sua morte. Essa é a verdadeira razão pela qual muitos que se dizem cristãos são fracos espiritualmente e jamais conseguem crescer na graça do Senhor, pois se mantêm rebeldes à Sua Palavra e indignamente participam da Sua mesa.


Não são poucos os doentes e os que já morreram por considerarem levianamente o corpo do Senhor, bem como o Seu Sangue. Aqui encontramos a razão pela qual tantas pessoas, há tantos anos, conhecem o Senhor jesus exatamente conforme a Bíblia O apresenta e, no entanto, continuam se arrastando espiritualmente, dando péssimos testemunhos do Senhor em suas vidas.


A Santa Ceia do Senhor não é nenhuma cerimônia da qual se possa participar com espírito leviano ou de brincadeira. Antes, é algo muito sério e verdadeiro, embora seus participantes devam ter os corações cheios de alegria e gozo por terem o alto privilégio de se sentarem à mesa com o Senhor, comerem de Sua própria carne e beberem do Seu próprio sangue, em memória de toda a Sua vida, morte e ressurreição.



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