quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O PERDÃO - 5º CAPÍTULO - "Nos Passos de Jesus"


"Quando cultivamos um ressentimento contra alguém, permitimos que a 
semente do mal brote dentro de nós e, quanto mais tempo a 
deixamos intacta, mais difícil é arrancá-la."
 
Quem almeja andar nas pisadas do Senhor Jesus não pode ignorar ou desprezar uma das maiores e mais sublimes leis morais: o perdão. O cristianismo jamais poderia sobreviver e até mesmo a vinda do Senhor Jesus não teria nenhum sentido se o espírito do perdão não pudesse funcionar no íntimo do ser humano.



A Bíblia nos ensina que Deus pode compreender nossas falhas, erros e fraquezas, mas nunca pode suportar quem se nega a praticar o perdão. Aliás, não perdoar é cometer injustiça consigo mesmo, pois todos cometemos erros. O coração perdoador sempre encontrará saída para se redimir diante de Deus e dos homens, mais o inflexível jamais será salvo!


Quando cultivamos um ressentimento contra alguém, permitimos que a semente do mal brote dentro de nós e, quanto mais tempo a deixamos intacta, mais difícil é arrancá-la. Não adianta procurar esquecê-lá ou até mesmo afogá-la com boas obras de caridade, porque mais cedo ou mais tarde ela fará aparecer suas folhagens e, consequentemente, seus frutos nocivos.


Essa é uma das razões fundamentais pelas quais afirmamos que o perdão, mais que uma simples virtude, é uma grande necessidade.



O CREDOR INCOMPASSIVO

A Bíblia está repleta de passagens onde Deus mostra Seu caráter diante das falhas e pecados humanos. O Senhor Jesus, durante todo o Seu ministério, deu exemplos de como devemos nos portar uns para com os outros; todos os Seus milagres apontam Sua compaixão para com os pecadores. Da mesma forma pela qual Ele Se manifestou para os homens, não tendo nenhuma dívida para com eles, também requer de cada um de nós a mesma atitude para com os nossos semelhantes:
"Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu acertar as contas com os seus empregados. Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata. Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar a dívida. Mas o empregado se ajoelhou diante do rei e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor!" O rei teve pena dele, perdoou a sua dívida e o deixou ir embora. O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata e, então, pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: "Pague o que me deve". O seu companheiro se ajoelhou e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo". Mas ele não concordou. Pelo contrário, jogou o outro na prisão até que pagasse a dívida. Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao rei. Aí o rei chamou aquele empregado e disse: "Empregado miserável! Eu perdoei tudo o que você me devia, porque me pediu. Você devia ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você!" O rei ficou com muita raiva e mandou o empregado para a prisão, a fim de ser castigado até pagar toda a dívida. E o Senhor Jesus terminou. dizendo: - É assim que o meu Pai que está nos céus fará com vocês, se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão."Novo Testamento Vivo, Mateus 18.23-25

A aplicação dessa parábola ilustra muito bem a difícil lei do perdão, a qual precisa ser exercida por cada seguidor do senhor Jesus Cristo, custe o que custar, doa a quem doer! Podemos aprender com esse ensinamento que ninguém jamais poderá tomar posse do Reino dos Céus se mantiver em seu coração um sentimento de mágoa contra o seu próximo. Aliás, no modelo de oração que o Senhor Jesus nos deu, afirma :
"E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoados aos nossos devedores..." Mateus 6.12
Se almejamos o perdão maior de Deus, devemos perdoar os pequeníssimos erros que os outros cometem contra nós. Por maior que seja a falta cometida por alguém contra nós, será sempre considerada mínima diante das falhas que temos cometido contra Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo.


Sempre é dever do cristão amar seu inimigo e perdoá-lo. O próprio Deus é nosso grande exemplo de perdão: Ele, por causa de Cristo, perdoou aos homens, os quais por si mesmos não merecem receber perdão.


O Senhor Jesus Cristo nos ensina quanto à reconciliação entre uma pessoa e seu "irmão" que tenha ofendido. A palavra "irmão" indica nesse ponto um irmão na fé, e não apenas um irmão de sangue. Quando o ensinamento foi apresentado pela primeira vez, referia-se sem dúvida à reconciliação entre um judeu e outro. O ensino bíblico permanece válido, sendo o padrão de reconciliação entre todos os homens.


Em Mateus 18.22, o ensinamento é tão incisivo que muitos cristãos gostariam de ignorá-lo. No versículo 21, vemos Pedro perguntar esperançoso:
"Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?"
Pedro sabia da necessidade de perdoar seu irmão, mas tinha esperanças que houvesse um limite para esse perdão. Quantos cristãos em nossos dias também desejariam que existisse um limite? Da mesma forma pela qual é ilimitada a clemência divina, deve também ser ilimitado o nosso perdão.


A resposta de Cristo a Pedro foi que o limite não era de sete vezes, mas setenta vezes sete, ou 490 vezes (versículo 22). Esse não é um número mágico. Cristo não dizia a Pedro que se por acaso alguém o ofendesse 491 vezes, ele teria o direito de se vingar. Nada disso: O Mestre estava ensinando que o perdão não tem limites.


Tal mandamento não é fácil de se receber e praticar. Geralmente estamos dispostos a perdoar um ofensor uma ou duas vezes, mas se continua a nos ofender, começamos a duvidar da sabedoria do perdão. Começamos a sentir que estão se aproveitando de nossa "bondade" e temos vontade de fazer com que seja pago o mal cometido contra nós.


Se a pessoa se arrepende e deseja sinceramente nosso perdão, somos obrigados a concedê-lo. Isso não seria possível se Deus deixasse o cristão lutar com suas próprias forças; Ele deu o Seu Santo Espírito para fazer morada na vida do Seu servo fiel. Se este vive no poder do Espírito, reconhecerá a verdade das palavras de Paulo aos filipenses:
"Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." Filipenses 2.13
Da mesma forma, Deus não exige pagamento pelo Seu perdão. A vida eterna é dom gratuito do Criador para todos que O buscam (ver Romanos 6.23).


Note, entretanto, o que fez o servo perdoado do texto bíblico examinado anteriormente (Mateus 18.28-30). Seu grande débito fora perdoado, mas ele recusou perdão de uma pequena dívida a um companheiro. Recusou até mesmo dar-lhe uma oportunidade de trabalhar para saldar a dívida; em vez disso, lançou-o na prisão.


Dizemos ao ler essa parábola: "Que servo ingrato!" Deixamos, porém, de observar que ele é exemplo de um cristão incompassivo. Em Cristo, Deus nos perdoa totalmente, mas o que geralmente fazemos? A semelhança daquele servo, libertos do castigo de nossos pecados pelo perdão de Deus, recusamo-nos a perdoar nossos irmãos em Cristo pelos males que nos causam.


Deus não exige simplesmente que o cristão perdoe as transgressões dos homens. Ele o faz como condição para o Seu perdão. Isso está declarado com clareza indiscutível em Mateus 6.14,15. O cristão deve ser compassivo para receber clemência. Além disso, esse perdão precisa ser sincero. Não se trata de palavras, mas de algo que vem do coração (Mateus 18.35).


Se essa exigência parece muito difícil de ser cumprida, leia a pergunta dos discípulos e a resposta de Cristo em Mateus 19.25,26. Lembre-se de que o Deus que pode perdoá-lo é o mesmo o qual, segundo Judas 1.24:
"... É poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória."
O espírito de intolerância não surgiu em época recente. Ele vive no ser humano desde o começo dos tempos e tem continuamente enegrecido a sua história com mortes, guerras e uma série de males.


Temos observado, com frequência, pessoas aparentemente cristãs, ou seja, que colocam os véus cristãos com a finalidade de mostrar ao mundo a sua fé, vivendo desgraçadamente, sempre buscando aqui, ali e acolá uma palavra que venha ao encontro das suas aspirações. Estas têm visto outras pessoas crescerem na fé e no conhecimento do Senhor Jesus, mas continuam paralisadas no desenvolvimento da sua crença, simplesmente porque não exercitam a lei do perdão; ao contrário, mantêm em seus corações sentimento faccioso contra uma pessoa qualquer. Essa é a razão pela qual a sua fé não traz nenhum benefício para a sua vida "cristã".



IRAI-VOS E NÃO PEQUEIS


Numa sociedade podre, corrupta e injusta, dificilmente poderemos passar os dias ilesos, sem nenhuma falta ou falha. Temos de admitir que algumas vezes somos pegos de surpresa por sentimentos de ira e indignação, por não suportarmos os abusos ou as ameaças de injustiças. Alguns teólogos chamam a isso de "justa indignação" pela qual o autêntico cristão tem de passar. Essa "justa indignação" pode ser da parte de Deus, como foi o caso do Senhor Jesus:
"Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas." Mateus 21.12
Pode, entretanto, ser da parte do próprio ser humano. Ela jamais deve servir de licença ou pretexto para qualquer outra forma de ira, o que, aliás, é muito comum entre os que militam na carne ou os incrédulos, os quais amam mais a si mesmos do que a Deus; por isso mesmo, praticam e exercem toda a sorte de cólera, devido ao egoísmo reinante em seus corações. Esse tipo de ira é também diferente da não condenada pela Bíblia.

Na posição de cristão, posso me irar pelas injustiças cometidas contra o povo de Deus, em defesa da Sua obra, pelo zelo de Sua casa, etc., mas nunca em busca de benefícios próprios. Não são poucos os que se dizem de Deus e, com muita frequência, têm distorcido o propósito da Palavra:
"Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira." Efésios 4.26
Acredito que essa ira da qual fala a Bíblia é aquela experimentada durante o nosso ministério da Palavra de Deus, quando vemos tantas expressões de miséria e dor. Também quando ouvimos verdadeiras aberrações de satanás através de pessoas que se colocam em posição de "cavalo", "burrinho" ou "aparelho" de entidades infernais. O meu íntimo se enche de cólera contra o diabo e seus demônios. Quando leio no noticiário os desejos expressos de políticos de fazerem leis para obrigarem as crianças nas escolas a receberem instruções espíritas, exatamente contrárias às Sagradas Escrituras, então a ira se acende em mim... Essa é a ira que nos é permitido sentir.

Martinho Lutero confessou um dia: "Quando estou irado posso escrever, orar e pregar bem, pois todo o meu temperamento é despertado; meu entendimento é aguçado e todas as preocupações e tentações mundanas desaparecem".

Quando a ira foge dos moldes bíblicos, isto é, quando é produzida devido ao egoísmo, devemos tratá-la com todo o cuidado, para não permitirmos que produza um sentimento de mágoa crescente, razão pela qual o apóstolo Paulo admoesta, a fim de não deixarmos que o sol se ponha sem que antes venhamos a bani-la de nossos corações. Naturalmente, ele quis dizer que, quando formos assaltados pela ira, qualquer que seja o motivo, ela tenha pouca duração, para não vir a nos prejudicar e muito menos aos outros.

O rei Davi também aconselha:
"Irai-vos e não pequei; consultai no travesseiro coração e sossega." Salmos 4.4.
O sentimento de ira deve ter pouca duração; caso contrário construirá um castelo de males, o qual será muito mais difícil de derrubar através do perdão. 

Uma senhora veio ao nosso gabinete pastoral pedir ajuda. Durante toda a sua vida de casada sofrera, e esse sofrimento se tornou pior depois que ela se separou do marido. Doenças, enfermidades, problemas financeiros e uma série de aborrecimentos e aflições a acompanhavam. Depois de passados alguns meses, após ter feito várias correntes na Igreja, ela apresentou grandes melhoras. A situação financeira já estava se consolidando; as doenças e enfermidades também cessaram, mas ainda faltava alguma coisa, pois ela ainda não estava totalmente feliz, como é a vontade de Deus para nossas vidas. Perguntei-lhe se havia nela algum aborrecimento passado, o qual pudesse mantê-la magoada com alguém.

Depois de responder que sim, aconselhei-a a retirar aquele sentimento do coração, pois senão ela jamais seria perfeitamente abençoada e, ainda por cima, teria de enfrentar futuros problemas se não tirasse do seu coração aquela ira incubada. Ela, então, respondeu: "Como eu posso fazer isso? Não está em mim o desejo sincero de perdoar". Aconselhei-a a pedir ajuda ao Espírito Santo, que Ele certamente faria possível.

Graças a Deus, ela não somente perdoou seu marido, mas também foi possível o reatamento de ambos, após dez anos de separação. Agora seus filhos também estão com os corações totalmente voltados para Deus. Hoje há alegria, paz e vida abundante naquela lar, porque o espírito do perdão tornou possível a atuação do Espírito Santo em sua família.

Amanhã (23/12), iniciaremos o 6º Capítulo... 
NÃO PERCA!!!


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